TERMINAL

Minhas pernas já não tremem
Quando, de repente, eu te vejo
E teu corpo já não me acende
Aquela ardente chama do desejo.

O sentimento bonito e forte
Que outrora tanto nos unia
Parece ter enfim sucumbido
À mesmice da monotonia.

Acho que tudo começou a secar
Quando alguém esqueceu de regar
Aquela bela e delicada flor...

Mesmo assim te peço desculpa,
Embora não saiba quem teve culpa
Pelo triste fim do nosso amor!

DOCE CATARINA


Sinto profunda saudade no meu coração
Dos velhos pinheirais da nossa serra,
Da nega Mariana e do boi-de-mamão,
Dos contrastes maravilhosos dessa terra.

Do planalto frio e do litoral quente,
Das belíssimas praias de água clara,
Da alegria espontânea da nossa gente,
Do doce mel da minha amada Içara.

Do nosso litoral de sangas fundas,
Das areias finas e cheias de bundas
Não esquecerei, por mais que viva,

Como ainda me conquista e me cativa
Com esse jeitinho traquinas de menina,
A minha bela e pouco Santa Catarina!

BILHETINHO

Para dar a alguém felicidade
Não é necessário sacrifício.
Pois um gesto de simplicidade
Não é coisa tão difícil...

Não é um presente bonito e caro
Nem são as atitudes muito sutis
Que nos dão esse momento raro
Em que a alma exulta e se é feliz.

Procura um papel, só um pedacinho,
E libera o sentimento que arde
No teu peito, antes que seja tarde,

E escreva um simples bilhetinho
Dizendo mais ou menos assim:
Tu és muito importante pra mim!

FOLHAS SECAS

Primeiro, foram-se os meus avós.
Depois, os meus pais e algumas esperanças.
Percebo que os dias passam e fico a sós
Com meu velho e empoeirado baú de lembranças...

Assim como as árvores, que lentamente
Perdem forças e ficam desfolhadas,
Nossas vidas talvez sejam, simplesmente,
Uma seqüência de perdas acumuladas...

Quando penso em tanto sonho desfeito,
Me vem uma forte dor no peito
E uma lágrima sentida.

E cada conhecido que se vai
É mais uma folha que cai
Da árvore da minha vida!