quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FUGAZ

Viver talvez seja simplesmente a arte
De em tudo ver e achar graça.
Mesmo quando aquela pessoa parte
E nas horas de maior desgraça!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CANTIGA PROLETÁRIA

Pá e picareta,
Suor e carvão.
Se vive e se morre,
Debaixo do chão.

Na conversa entre amigos
Nos bancos da praça,
Se bebe e se ri
Só de pirraça.

Apesar do cansaço
E das mãos cheias de calo,
No fim da tarde corrias
Pra ver brigas de galo.

A cachaça de sempre
No bar da esquina.
No corpo alquebrado,
Uma herança da mina.

Dinamite com pólvora
Parecia uma guerra
Extrair o carvão
Das entranhas da terra.

Esmagados por pedras
E de dores gemendo,
Foram tantos os amigos
Que já viste morrendo...

A luta por salário
Lá no teu sindicato...
A polícia chegava
E tu corrias pro mato!

Não esqueça teus sonhos
Eles sempre são nobres.
A polícia é dos ricos
E só bate nos pobres.

E o padre dizia:
Morrerão na fornalha,
Os lacaios dos ricos,
E essa elite canalha!

Mas um dia virá
Que deixarás de sofrer.
Um homem do povo
Chegará ao poder...
BOTEQUIM

Homem que não gosta de boteco
É por que não ama, não sente.
Deve ser apenas um boneco
Brincando de ser gente!
DEMÊNCIA

Eu quero te encontrar
Pra me perder e ficar louco.
Depois quero te deixar
Pra endoidar mais um pouco!
INCOERÊNCIAS

Como pode um poetinha
Tornar-se um dia advogado
Se a poesia vive de sonhos
E o direito vive acordado?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

RAZÃO DE VIVER
(escrevi aos 13 anos, para ser letra de canção)

Eras a razão da minha vida
A coisa mais querida
Que no mundo eu encontrei.
Mas hoje quando a vi,
Fiquei indiferente.
O meu amor por ti
Sumiu tão de repente...
Não sei como pode
Um grande amor
Acabar assim:
Não gosto mais de você
E nem você
Gosta de mim.
A solidão tomou conta de tudo.
Não vejo as mesmas cores
Que antes via no mundo...
As estrelas ficaram tristes
E sem quaisquer brilhos
Como se fossem mães
Que perderam seus filhos...
Os pássaros não cantam mais
Como um dia já cantaram...
Eu ganhei a minha paz
E as ilusões murcharam...
Agora só nos resta dizermos adeus
Aos sonhos que não se realizaram,
A este amor que o vento levou
E às cinzas que restaram...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

IDEOLOGIA

Um jovem que se diz de direita
É um arbusto que já nasce torto.
Se ele feder, você logo suspeita
Que já deve ter nascido morto!
BURRICE

A tua escolha foi tão pateta
Que realmente fiquei pasmo:
Deixaste de ser musa de poeta
Para virar pasto de um asno?