CANTIGA PROLETÁRIA
Pá e picareta,
Suor e carvão.
Se vive e se morre,
Debaixo do chão.
Na conversa entre amigos
Nos bancos da praça,
Se bebe e se ri
Só de pirraça.
Apesar do cansaço
E das mãos cheias de calo,
No fim da tarde corrias
Pra ver brigas de galo.
A cachaça de sempre
No bar da esquina.
No corpo alquebrado,
Uma herança da mina.
Dinamite com pólvora
Parecia uma guerra
Extrair o carvão
Das entranhas da terra.
Esmagados por pedras
E de dores gemendo,
Foram tantos os amigos
Que já viste morrendo...
A luta por salário
Lá no teu sindicato...
A polícia chegava
E tu corrias pro mato!
Não esqueça teus sonhos
Eles sempre são nobres.
A polícia é dos ricos
E só bate nos pobres.
E o padre dizia:
Morrerão na fornalha,
Os lacaios dos ricos,
E essa elite canalha!
Mas um dia virá
Que deixarás de sofrer.
Um homem do povo
Chegará ao poder...